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Obras da URE Barueri estão bem encaminhadas

Obras da URE Barueri estão bem encaminhadas

Fonte: Brasil Energia por Marcelo Furtado – 07/10/2024. Foto: Jorge Elias, diretor de engenharia e implantação da Orizon.

O primeiro projeto de usina de recuperação energética do Brasil, a URE Barueri, na cidade de mesmo nome na região metropolitana de São Paulo, está seguindo “firme e forte” com seu cronograma de obras que vai culminar com a entrada em operação da usina de 20 MW – e capacidade para tratar até 870 t/dia de resíduos sólidos urbanos – entre o fim de 2026 e início de 2027.

Já prestes a finalizar a parte civil de construção da base da linha de oxidação da planta, a Orizon, proprietária do empreendimento que conta ainda como sócia a companhia de saneamento paulista, a Sabesp (20%), já tem contratados para receber até o início de maio de 2025 os equipamentos da recuperação energética da planta, que estão sendo fabricados desde o ano passado pela chinesa Powerchina.

Segundo disse à Brasil Energia o diretor de engenharia e implantação da Orizon, Jorge Elias, uma parte dos equipamentos chineses, que precisa ser incorporada no concreto, na parte civil do projeto, já até chegou. Entre o fim de abril e maio, porém, começam a chegar os sistemas mais centrais da recuperação térmica, incluindo caldeira, grelhas de combustão e sistema de controle de emissões. “A partir daí já começa a montagem eletromecânica”, diz.

A parte da geração elétrica, por outro lado, foi toda contratada no Brasil, com fabricantes nacionais, caso da TGM e da Weg, esta última responsável por um grande pacote que inclui turbinas, gerador, transformadores e inversores de frequência.

Também serão nacionais os demais sistemas e equipamentos periféricos que compõem o chamado Balance of Plant (BoP) da usina, como bombas, sistema de circulação de água, torres de resfriamento e subestação.

O planejamento é fazer a montagem eletromecânica da unidade de recuperação energética que vem da China até junho de 2026. Com isso, do meio para o fim desse processo, ou seja, no início de 2026, o canteiro de obras começa a receber os sistemas da geração elétrica.

Segundo Elias, a estratégia de espaçamento entre as entregas tem a ver com o fato de os equipamentos de geração elétrica demandarem menos tempo de fabricação e de montagem na planta, em comparação com os da oxidação dos resíduos. “Não faz sentido ficar com turbinas, geradores, equipamentos sofisticados, parados em uma obra”, diz.

Conforme explica o diretor, a montagem eletromecânica dos sistemas da oxidação térmica vai ser complexa, com a manipulação de mais de 3 mil toneladas de equipamentos, o que vai envolver operação com grandes guindastes.

A empresa responsável pelas obras é a nacional Interunion-Santin, que tem histórico de fornecimento de termoelétricas, em conjunto com a construtora CDG. Além do projeto, as empresas são responsáveis pela integração eletromecânica entre as etapas de geração de energia elétrica e de recuperação energética do resíduo sólido urbano.

Por ser a primeira URE do Brasil e da América Latina, a Orizon também contratou neste ano a espanhola Sener, que tem experiência em projetos de usinas de recuperação energética. A empresa vai auxiliar na engenharia da linha de oxidação e durante o período de comissionamento.

Know-how chinês

Com várias usinas do tipo já instaladas na China, a Powerchina está fazendo o EPC da parte da recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos da URE Barueri a partir da integração de vários fornecimentos feitos por outras fabricantes chinesas, japonesas e por vezes europeias, revela Elias.

“Hoje todos os grandes players desse mercado, europeus e asiáticos, migraram para a China, por ser o maior mercado de waste to energy do mundo”, diz.

Além de hoje ter a maior capacidade instalada de usinas de recuperação energética global, o fato de o país ter know-how reconhecido globalmente de implantação de termoelétricas de ciclo Rankine também torna sua cadeia de fornecedoras muito competitiva.

Nesse sentido, explica Elias, com o mercado ainda imaturo na gestão de resíduos, o Brasil é visto também como uma nova oportunidade para esses fornecedores chineses. Fator que, segundo ele, foi determinante para a Powerchina demonstrar interesse em se iniciar no mercado nacional nesse segmento (a empresa tem outros projetos no Brasil, como o do complexo solar Mauriti, no Ceará, e a segunda fase da UTE a carvão Candiota, no Rio Grande do Sul).

Mas, para tornar o ambiente de negócios mais atrativo para os fornecedores globais, o executivo defende que o setor seja tratado de maneira diferenciada, não só como solução de energia, mas de saneamento.

E para isso ocorrer, na sua visão, o país precisa adotar leilões regulares de energia dedicados para a fonte, a exemplo dos que viabilizaram a URE Barueri, que teve 75% da energia negociada no leilão A5 2021 e o restante no A4, de 2022.

Também soluções como a proposta pelo projeto de lei 924/2022, de conjugar licitação de usinas por municípios com garantia de compra de energia pela rede, seriam importantes.

“Um dos grandes desafios é o desenvolvimento do projeto, porque o que primeiro precisa ter é acesso à matéria-prima (o resíduo), o que é uma responsabilidade do município. E os leilões de energia são federais. Então, é preciso ter o casamento dessas necessidades”, explica.

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